sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Entorpecente Arreguy

Há muito tempo não arrumava minha coleção de tralhas.
Resolvi fazer isso hoje.Logo veio aquela nostalgia tão cabível à minha pessoa.
Reencontrei os velhos tapes de bandas que amava e algumas gravações da minha antiga banda.
Junto estava o meu velho gravador e toca fitas que eu sempre guardei com muito zelo depois dele ter se quebrado quase todo e ainda estar funcionando.
Ouvi muita coisa,mas não tem como ouvir tudo que tenho em tapes num dia só.
Estava tudo muito desorganizado,tapes em caixas diferentes das suas próprias.
Fiquei lá,arrumando por longo tempo enquanto escutava alguns.
Foi aí que notei a mudança na minha voz,hoje muito melhor do que antigamente.Também pudera,eu era um garoto em fase de formação.Muito desafinado ainda,muito pragmático,preocupado demais em ser bom.
Foi bem interessante recordar esse meu passado,a fase da minha vida em que realmente me identifiquei,adquiri personalidade do entorpecente Arreguy.
Acho que ficarei bons dias ouvindo meus velhos tapes...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"O pobre levantava-se da cama ainda com dores espalhadas pelo corpo provocadas pela operação e as altas dosagens de analgésicos e anestésicos.Mas pela primeira vez em duas semanas ele sorria,sentia-se bem disposto,com uma vontade de abraçar aquele mundo que um dia tinha sido seu,antes do cancer pegá-lo.
Foram dias de jogatinas eletrônicas apenas,mais precisamente jogando Pokemon,uma das maiores febres implantadas pelos japoneses no mundo ocidental.Com a música sendo seu único combustível,enquanto caíam suas lágrimas Let It Be era tocada.E então pela primeira vez ele entendeu aquela música,qual o significado daquela música para ele.
Então veio Free as A Bird,e assim o pássaro podia se soltar da gaiola para viver em liberdade mais uma vez.."

We can Be Heroes

Pelo menos por um dia podemos ser heróis,dizia aquela música de uma banda de pop rock.
E não deixa de ser uma verdade muito próxima de cada um de nós.
Por motivos singelos e comuns até os mais estúpidos e diferentes acrescentamos a nossa condição a qualidade do heroísmo.
Seja falando um bom dia a um enfermo,seja denunciando um procurado ao 181.
Seja doando sangue ou se postando frente a um tanque bélica em plena Praça da Paz Celestial.

Todos nós podemos ser heróis,mesmo que seja só por um dia.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Existem datas que não tem a menor importância,mas deixam marcas na sua vida em forma de grandes lembranças.
Lembro de várias situações assim.Nada em especial,mas muito marcantes.
Tal como no dia em que minha mãe pediu para que eu lavasse as vasilhas sujas da cozinha e eu em vez disso fui jogar videogame.
Então me veio uma vontade súbita de ligar para a minha namorada na época.
Fiquei por duas horas no telefone.
Acabando a ligação recheada de assuntos insossos que somente apaixonados são capazes de conversar,desliguei o videogame e fui acender a Valéria.
Depois de ficar muito chapado fiz uma macorranada com um molho de tomate vencido.
Ficou horrível!Mas a famosa larica me deixou determinado a comer tudo.
Chegou a noite e minha mãe chegou sem que eu tivesse lavado nenhum vasilhame.Sermão para os ouvidos,coisa que estou bastante acostumado.
Acabei tendo que lavar as vasilhas e ainda arrumar os quartos e a sala.
Cansado de trabalhar peguei o violão de meu irmão e saí na rua.
Encontrei com alguns amigos e fizemos o clássico som dos bebados noturnos que conheço:eu cantando Beatles,um na viola e o resto das pessoas batucando nos vidros de cerveja e pinga que bebemos nas madrugadas.
Nada em especial e talvez nem seja digno de lembrança,mas uma situação que eu me lembro com alegria mas sem satisfação.

A rebeldia do All Star

Existem marcas que atuam de forma muito forte no imaginário humano.
Uma delas,de 90 anos diga-se de passagem,é a marca de tênis All Star.
Criada no inicio do século passada,a marca visava apenas servir os atletas de basquete americanos.
Mas o que se viu e o que se ve hoje em dia é que a marca ultrapassou todas essas barreiras.
A marca se manteve forte,sempre como um elemento de contracultura da moda de massa.
Mas como tudo um dia,a marca se tornou obsoleta,ultrajada.
Se tornou um ícone da rebeldia,mas tornou após um tempo esta própria rebeldia em espaço vago,fraquejante e sem o menor sentido.
Se tornou uma marca sem fundamento,como era no príncipio.A magia rebelde que existia em calçar aqueles tênis de pouco conforto e de feiúra ímpar hoje é substituída por tribos,por guetos infantis,cada vez mais presentes no âmbito juvenil.
É bem comum ver garotinhas e garotinhos posando de rock stars por usar um all star de cor diferente.
Enfim,o All Star hoje combina com o cigarro e a bebida,formas de aceitação em alguma massa.
"Sou um rock star,afinal eu uso o tênis All Star"
Repetindo o que costumo dizer sempre: a ignorância é uma benção!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Talento suficiente ou insuficiente?

O rock britânico sempre teve um charme todo especial aos meus ouvidos.
Uma atração perfeita,uma força conjunta que sinto de longe,sem me esforçar pra isso.
Sempre tentei seguir uma linha parecida,mas acho que tenho o "swing" brasileiro em peso,o que me torna limitado aos meus anseios musicais.
Já cheguei quase lá por algumas vezes,mas sempre acontece algo que me puxa pra trás,as vezes minhas atitudes,as vezes meu temperamento um tanto quanto suicida.
Mas aí eu me pergunto: se eu conseguisse chegar lá,teria talento para seguir a vertente do rock britânico?

O lado doce da morte

Nada melhor do que uma morte para reunir amigos antigos separados pela ação cronológica nas vidas de cada pessoa.
Nada melhor do que sair da missa de sétimo dia e reunir a velha guarda num bar pra comemorar a vida do finado.
Não sentir aquele peso pelo falecimento,mas sim brindar com os vicios comuns o tempo e as situações em que o falecido desfilava seu corpo e seu intelecto(algo digno da humanidade).
As palavras sábias ou as vezes insanas.
As ações em que brincavam de serem imortais.
Mas felizmente não somos.Somos carne que finda a ponto de nos tornarmos inesquecíveis,mesmo que não estejamos em matéria no espaço.
A morte pode ser doce,muito doce.
Pode ter gosto de Páscoa,e por isso eu agradeço à Felipe.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Amigos: Capítulo Camilo

Camilo não disserta,não se apressa com nada,nem tem paciência com nada.
Camilo fala alto,sobre as mais variadas coisas relacionadas a mulher.
Camilo teme o futuro,sem exageros.
Camilo sonha com uma única mulher,com pequenas viagens.
Camilo venceu um cancer,uma tentativa de suicídio e um coma alcólico.
Camilo escuta funk,axé,hip hop,rock,pagode,samba...
Camilo quer ser policial,assim como seu pai,mas bem diferente de seu pai.
Camilo só telefona pra Luana.
Camilo joga computador,mas não joga videogame.
Camilo é moreno,mas acha que é negro.
Camilo bebe coca cola e cerveja Brahma.
Camilo me chama de leite azedo e ele de torradinho.
Não,Camilo não é gay.
Camilo,como direi,é o ser que tem a pureza mais impura do mundo.
Camilo tem a inocência mais maliciosa existente.
É único,além de absurdo,por isso todos os adjetivos remetidos a ele não tem nenhum sentido.
Afinal ele é Camilo e só isso basta.

She is Love

Ela veio com aquele seu andar extremamente charmoso.
Jamais balançara seu corpo como aquele dia,era seu momento,a hora em que finalmente eu me curvaria a ela.
Com um perfume natural,sem excessos franceses,cheiro de ameixeiras brancas,ela desembainhava sua sensualidade a cada passo dado.
Meus olhos a acompanhavam,hipnotizados pela dança de seus quadris e pelo cabelo que esvoaçava ao vento,liso,macio e de toma castanho.
Já havia visto figuras mais belas,muitas vezes,mas nenhuma figura me deixava mais surpreso,mais aficcionado.
Era uma imagem tão bela que desenhava em meus sonhos tardes em campos de girassóis,refletindo nas águas estava o arco-íris,com fundo sonoro inglês sessentista.
Sem poeira,sem sujeira.
Ela era o meu sonho,aquele que esperei por tanto tempo.
Ela era amor,ela era o meu amor.
Gosto do medo.
Na verdade eu adoro o medo.
Com esse sentimento que me vejo comportando melhor.
Adoro senti-lo.
Me mostra a noção de fragilidade que tenho.
Mostra que sou apenas uma criança.
Por mais que eu não seja uma criança propriamente dizendo.
Sinto essa necessidade nas pessoas.
A necessidade de afirmar que não são mais crianças,a necessidade de se tornarem adultas.
E,sendo assim,não percebem que somente uma criança se considera adulta.
Será que ser criança,cometer atos infantis e eteceteras nos torna tão psicológicamente inferiores?
Sempre achei que crianças são mais fortes,mais belas.São menos confusas e mais alegres.
Prefiro me assemelhar a elas...

Encontros e Desencontros

Modéstia nunca foi uma boa palavra aos meus olhos.
Humildade sim,sempre foi bem vista.
Egocentrismo me soa muito bem,além de ser um adjetivo comumente atribuído a minha falha imagem.
Se me incomodo com isso?Na verdade um pouco,é uma faceta da qual nunca tive orgulho.
O mundo me ensinou a me odiar.Mas me ensinou a me vangloriar.
Me ensinou a me enxergar com melhores olhos.

Portanto,o que eu quero dizer é que por trás de um rosto torto e um tamanho pequeno,esconde alguém com uma imensa paixão/ódio de si mesmo.
Nos encontros e desencontros das características aparentes e invisíveis.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Santa Ignorância

Confesso que sempre tive um certo bloqueio para aceitar a internet.
No começo era um espaço dominado por pessoas fechadas que se escondiam do mundo,os vulgos nerds.
Veio a inclusão digital e a internet se tornou terra de ninguém.Uma nova linguagem extremamente viciante tomou o lugar do português.Abreviações bizarras,onomatopéias novas que me fizeram ler um gibi com certa dificuldade.
Santa é a ignorância da internet!
Como diria meu pai: INFERNET!
A cada dia lemos frases mais imbecis do que a do outro dia, colocações de Einstein e de alguns filósofos,todas num mesmo espaço. Num excesso de informação e ignobilidade que deixa a internet com a cara mais bela do mundo: A Santa ignorância da internet!
E como eu a adoro!
Como me disse um grande amigo que mal vejo hoje em dia:

"A ignorância é o maior bem da humanidade"
E a internet é o melhor meio pra divulgá-la.

Eleições 2008

Mais uma vez chega em nossas cidades o período eleitoral.
Chance de rever conceitos,atitudes governamentais e eteceteras.
Novamente temos a chance de rir das propagandas políticas, receber santinhos nos semáforos e calçadas, poluir visualmente nossas cidades,ouvir jingles imbecis, recebermos promessas de melhorias e vermos que em suma não passa de uma grande besteira.
Alguns serão enganados por falsas promessas,outros desiludidos entregarão seu votos aos porcos.
A pequena parcela consciente da população já não acredita em nenhuma chance de mudança,os partidários comunistas vem com aquelas velhas palavras tão defasadas de um sistema falido.
Pura lábia,de todas as partes.Um bombardeio que dura anos,percorrendo por muitas estradas e em todos os lugares.
Não digo também que é utopia a mudança.
Existem políticos honestos!O problema é confiar neles depois de tanta bandalheira.
Num país onde se vê um escândalo político diferente por dia acabamos generalizando toda a forma de poder.
E no final das contas os mesmos nomes,as mesmas caras figuram nos bastidores do poder.
E nós,os bobos da corte,sustentadores de uma nação,pagando nossos impostos em dia depois de suar muito por um dinheiro no final do mês, ficamos a mercê de ladrões de colarinho e da violência patrocinada pelo tráfico.
Enfim,chances de melhoria sempre existirão!Mas qual é o caminho?Votar em figurinhas tarimbadas ou em novos nomes que não inspiram alguma confiança?
Sinceramente não posso afirmar nada sobre isso,acho que passarei mais 4 anos bancando com meu mísero dinheiro a camâra dos vereadores.E viva o Brasil!

domingo, 10 de agosto de 2008

Crônicas de um caipira: O amor

Tudo aconteceu naquela tarde...Tava eu i a Lalinha namorando!Num alembro como começô.mais a gente si disintendeu. I nessas hora só sai bobage da boca. I cada um foi pro seu canto.Num oiei pra trais i sigui meu caminho.Tava co coração na mão i uma baita vontade di chorá,mais diz qui home num chora.I como eu so minino disimbestei a chorá.
Meu coração tava muito machucado,num quiria tê brigado ca Lalinha.Meu coração quiria vortá pra trais i pidi discurpa mais eu tava magoado i num dei trela pra ele.Cheguei im casa triste,derreado e di coração im caquinho.Fui pra minha cama pra isquecê da vida,mais a vida num isquece a gente!I ela mi dizia:"Corage Home!".
Num importa quem seja,as palavra di um amigo sempre ajuda nessa hora...Se bem qui tem amigo que tenta ajudá di sua manera,mais nem sempre funciona.Gozado qui,si ocê tá no lugar mais bonito do mundo,quando num tá co quem ocê gosta tudo fica cinza,tudo fica sem cor,sem gosto.Co tempo as cor inté vorta,mais sem brio,apagada!
Aí o coração da gente já vai acompanhando...meio costurado,mais muito dolorido.Num istar co quem ocê gosta dexa um vazio na gente.A tristeza toma o lugar da alegria i a gente sente um vazio grandão como o mundo.
Ansim conheci pessoarmente o meu distino.Ele mi insino qui minhas iscoias traiz consequência i qui nada é impossíver de mudá.Dispois mi deu um presente imbolado dentro di uma caxa.Ansim vortei a acreditá no amor.Ah!O amor!Dexa o mundo mais colorido,dexa a gente mais leve i o coração im paiz!I o quê era o presente?O tempo!O mió remédio pra tudo!O mió remédio pra eu i a Lalinha.

Compensação

Devido ao fato da minha humanidade sempre me pego tentando compensar os acontecimentos.
Minha dor e agonia neste momento cancerígeno não é a maior do mundo.Mas aí eu pergunto: Existir alguém em pior estado me conforta?

A resposta é a mais simples e direta além de extremamente objetiva.
Um sonoro Não

First day

Começo este espaço sem muitas apresentações.
Me chamo Fábio,tenho 21 anos,complicações na cabeça e sede de escrever nestes dias em que repouso na minha velha cama.
Depositarei neste espaço que me foi dado histórias e idéias que permeia minha cabeça,sempre contrastando com meus conceitos éticos e morais,tão deturpados devido aos excessos na minha vida.Não espero que gostem da minha escrita,mas também não espero que não gostem.
Aos que chegam até aqui nessa famigerada leitura meus agradecimentos.